Uma favela é um tipo de bairro de baixa renda no Brasil que também passou por negligência governamental histórica. A primeira favela, hoje conhecida como Providência, no centro do Rio de Janeiro, surgiu no final do século 19, construída por militares que não tinham onde morar após a Guerra de Canudos.

Mas não foi só isso, nesse mesmo período, houve um inchamento das cidades, com o fim da era do café. Além disso, com a abolição, muitas pessoas simplesmente não tinham onde morar. O início do desenvolvimento industrial do país trouxe grande número de empregos, entretanto a moradia tornou-se um problema sério na cidade do Rio de Janeiro. Essa mesma cidade que ostentava cassinos físicos luxuosos (atualmente só é possível utilizar os jogos de azar no Brasil online cassino), também mostrava sinais de problemas sociais sérios com o aparecimento de grande aglomerado de moradias irregulares.

O problema social continua, as favelas estão por toda parte da cidade, da zona norte à zona sul. A imagem dos morros cheios de casas já faz parte do cenário do Rio de Janeiro, as favelas viraram pontos turísticos como o Cristo Redentor e o Pão de Açúcar.

História das Favelas

O termo favela data do final do século XIX. Na época, soldados foram trazidos do conflito contra os colonos de Canudos, da Bahia para o Rio de Janeiro e ficaram sem ter onde morar. Esses combatentes chegaram à cidade com a promessa de que ganhariam um bom salário após a batalha, mas o governo não cumpriu com o prometido.

A única saída para esses soldados foi a construção de moradia nos morros. Nos locais das construções havia um arbusto resistente e muito comum na região, o nome da planta era Favela, daí vem o nome tão conhecido. Como não havia uma solução imediata para a falta do dinheiro prometido aos soldados, o governo “fechou os olhos” para o problema.

O fim da escravidão também ocasionou o aumento do contingente de pessoas em busca de um local para morar. Milhares de ex-escravos migraram da zona cafeeira para a cidade e por esse motivo o crescimento das favelas foi inevitável. Construções de casas improvisadas em terrenos ilegais tornaram se a solução ideal. Muitos planos de contenção de crescimento de favelas foram criados, mas, de fato, nenhuma intervenção do estado foi suficiente para conter o aumento do número de pessoas vivendo em favelas.

Políticas Públicas Para as Favelas

No final do século 19, o estado estabeleceu e regulamentou uma lei para a criação da primeira favela do Rio de Janeiro. Os militares da Guerra de Canudos (1896 – 1897) obtiveram autorização do Ministério da Guerra para se instalar no Morro da Providência, localizado entre o litoral e o centro da cidade. Mas, como foi dito anteriormente, mais e mais pessoas passaram a viver nesses morros.

No século XX a cidade cresce de forma acelerada e nenhum esforço em conter o crescimento das favelas foi suficiente. As autoridades viam as favelas como uma ameaça ao desenvolvimento do Rio de Janeiro e houve um grande empenho para removê-las. No entanto, houve uma falha do governo ao não considerar a geografia de cada local e nem uma análise das soluções arquitetônicas criadas pelos próprios moradores desses morros.

Algumas intervenções do Estado, na verdade criaram outros problemas, como deslizamento de encostas e canalizações de rios que aumentam ainda mais os desmoronamentos durante as enchentes. Algumas melhorias foram muito bem-vindas como a pavimentação e sistema de esgoto em alguns locais, mas ainda há muito a ser feito para melhorar as condições de vida da população.

Formação da Sociedade e Cultura da Favela

As pessoas que moram nas favelas são conhecidas como favelados (“moradores da favela”). As favelas estão associadas à pobreza. As favelas brasileiras são consideradas o resultado da distribuição desigual da riqueza no país. Muitas pessoas as associam ao lado negativo que é evidenciado na mídia, como um símbolo do descaso e do poder público.

O estigma relacionado aos moradores da favela com a associação desse território a criminalidade traz uma série de dificuldades para as pessoas que vivem nos morros. Felizmente, nos últimos anos se abriu um debate maior sobre a vida na favela e estabeleceu-se um diálogo mais aberto sobre as diferenças e semelhanças socioculturais entre moradores do Rio de Janeiro. Organizações e movimentos sociais têm se esforçado nesse sentido.

A criminalização da pobreza deve sempre estar no centro dos debates, somente dessa forma é possível descriminalizar e romper esse ciclo. Além disso, torna-se essencial a formulação de uma política sustentável capaz de, pelo menos, diminuir a desigualdade estrutural.

Drogas nas Favelas

O tráfico de cocaína afetou o Brasil e, por sua vez, as favelas, que são dominadas por traficantes, em sua maioria. Tiroteios regulares entre traficantes, polícia e outros criminosos, bem como diversas atividades ilegais, levam a taxas de homicídio superiores a 40 por 100.000 habitantes na cidade do Rio e taxas muito mais altas em algumas favelas cariocas.

Tudo começou na década de 70, quando, de fato, o Rio de Janeiro passou a ser um ponto de rota da distribuição de cocaína no mundo. Nesse período, prisioneiros políticos foram colocados na mesma cela que presos comuns no presídio da Ilha Grande. Dessa maneira, esses presos comuns aprenderam táticas de guerrilha e criaram o Comando Vermelho, a primeira organização criminosa a se estabelecer nas favelas do Rio.

Com o passar do tempo, outras facções criminosas dominaram outras favelas, e a briga por território para ampliação do mercado fez com que esses traficantes se armassem. A incapacidade do Estado de fiscalizar as fronteiras promoveu o acesso às armas cada vez mais potentes. Também por esse motivo a violência se tornou uma marca registrada do tráfico de drogas na cidade.

O financiamento da organização criminosa vem principalmente do tráfico de drogas, mas essa situação começou a ser questionada tardiamente, no mesmo momento em que as milícias também ganharam espaço. Enquanto os traficantes ganham dinheiro com a venda de drogas, milicianos extorquem os moradores dos morros aumentando assim o ciclo da violência.